sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Algar das Gralhas VII

Desde tempos imemoriais que o homem se sente atraído pelas cavernas (…)

Ao telefone

Tozadas (para variar) – Sr. Diogo. Tudo bem? Estou a pensar fazer espeleo este fim-de-semana, com pessoal. Queres vir?

As grutas são locais imprevisíveis e que requerem alguma experiência por parte dos exploradores para efectuar uma boa progressão (…)

Diogo – Tudo em cima. Espeleo, Elá… E a que gruta vamos? E quem vai? Queres sair a que horas?

Tozadas – Estava a pensar ir ao Gralhas e temos de sair cedo, lá para as 8:00 em minha casa. Somos sete, mas o pessoal… Só eu e tu é que sabemos o resto nunca ninguém fez espeleo a sério.

Nisto, o pessoal junta-se em casa do Tó na madrugada de Domingo, arruma-se a tralha toda no carro do Fernando e rumo ao planalto de St. António, Serra D’Aire e Candeeiros.

Fernando – Epá, andam aí uns gajos atrás de nós desde as bombas de gasolina… O pessoal já sabe, se formos mandados parar, sai tudo do carro a dizer que os de trás é que são os assaltantes.

Na verdade o carro que seguia atrás era dos restantes camaradas (André, Paulo, Fernando Grilo e o Ricardo). A animação está sempre presente…
Chegado ao local, não havia cafés abertos, logo o pessoal equipou e dirigiu-se para o Algar.

Tranquilidade é fundamental. Mesmo numa situação onde tudo parece errado, é importante manter o controle (…)


A entrada na gruta deu-se por volta das 11horas, de seguida a descida do 1º elemento, Tozadas que tratou das montagens dos poços, três para ser exacto e directo. Por entre algumas filmagens, fotos, olhares atentos, peças trocadas do material, longes torcidos e nós de travamento mal feitos, os restantes membros iam efectuando a descida. Mas Diogo, o último membro a descer, estava sempre atento ás manobras dos companheiros, para que nada falhasse, mesmo quando alguns se queriam auto-segurar apenas no local exacto do perigo!...
É de salientar um prussik numa das amarrações principais que viria a tornar-se uma mais valia para um dos membros mais á frente…

No segundo poço as teóricas iam sucedendo…

Diogo – O pessoal quando tiver na subida nunca encoste o Punho aos nós das amarrações… É complicado tirar, pois a peça precisa de espaço para abrir.

André – OK. Vou tentar lembrar-me disso.

Fernando Grilo – Tens de explicar outra vez o nó de travamento que já me esqueci.

Paulo – Isto é mesmo espantoso, a maneira como isto se forma é fenomenal…

Terminavam as descidas mas Diogo teve de alterar um pequeno fraccionamento de forma a fazer chegar um dos cabos ao final. Por fim e após algumas gargalhadas, almoço e o desequipar. Iniciou-se a progressão horizontal.

Por entre algumas salas, sifões, formações variadas, muita argila, estreitos e algumas subidas inclinadas, eis que surge o Laminadouro. Entre todos, aquele era o mais comprido e se para alguns era fácil e dava para a risota para outros era um duelo em que uma ajudinha de braços e uns empurrões ajudavam bastante.

Continuaram a progressão, passaram por mais umas salas com grandes chaminés e sifões que davam para tomar banho e observaram mais novas formações e abismos.


Foi construída uma estrutura em argila numa das salas.

Ricardo – Esta tem de ser maior que a que já aqui estava. Temos de recolher mais argila para isto crescer…

E numa outra passagem estreita foi destruído um visor de uma máquina digital.

Fernando – Epá…! Tinha de ser, já lixei o LCD da máquina. Mas tira fotos á mesma. Fica para a escalada que se lixe.

Por fim a chegada ao final do destino, e sucessivo regresso, dos exploradores para superfície. Foram caminhando calmamente até à primeira salinha do material.

André – Eu emito as vozes dos personagens do Dragon Ball e tu fazes as músicas…

Foi uma pequena brincadeira dos dois últimos de Diogo e André enquanto faziam a passagem de um dos estreitos.
Já um pouco cansados alguns e outros na reserva de energia iam ganhando folgo para subirem os largos metros que ainda faltavam.


Se a meio do segundo poço já havia suor e alguns tinham de ser puxados, ainda estava para vir o terceiro e último largo.
Algumas pedras iam caindo e Tozadas acabou por ficar todo molhado e quase hipotérmico ao ter de ajudar o pessoal num lugar onde estava constantemente a gotear água, enfim pequenas peripécias, até que por fim a chegada do primeiro membro à superfície, que acabou por passar o Punho para o cabo da boça e desprezar o seu croll, que acabou por ficar encravado ao encostar ao prussik da amarração…
Por assim dizer, foi um desafio tirar o Croll do cabo depois.
Um após o outro iam saindo, com alguma dificuldade aqueles que já nem sabiam as peças a usar.

Tozadas - Isto é um Shunt. Isto, ISTO…

As paisagens cársicas podem ser traiçoeiras. É aconselhável andar com precaução e não andar sózinho neste tipo de terreno (…)

Por fim Tozadas e Diogo desmontam os poços e puxam o material até que…

Tozadas – Está tudo bem aí à frente???

Paulo – Já lixei uma perna. Já não estava muito boa, mas agora.

Um pequeno acidente com um colega que caio por entre as pedras. Mas foi logo auxiliado.
A chegada ao carro foi um momento rápido onde viram as fotos, trocaram de roupa e seleccionaram o material pois já eram cerca de 10:30 e o pessoal queria era comer e dormir.

D. S.